domingo, 22 de fevereiro de 2015

"Sala­ma­le­que"

salamaleque
Foi con­tem­plada pela pri­meira edi­ção do Prê­mio Zé Renato de Tea­tro, ins­ti­tuído pela Lei nº 15.951/2014 (nova moda­li­dade de apoio ao desen­vol­vi­mento tea­tral), a peça — que foi apre­sen­tada no Fes­ti­val Inter­na­ci­o­nal de Tan­ger, no Mar­ro­cos, em outu­bro de 2014 e tem con­vite para ir para Mar­ra­kech e Egito em 2015 — foi esco­lhida ao lado de outras 23 de um total de 318 ins­cri­tas e é a pri­meira a estrear.
Com texto de Ale­jan­dra Sam­paio (do Núcleo de Dra­ma­tur­gia do Capo­bi­anco) e Kiko Mar­ques (Prê­mios Shell, APCA, Aplauso Bra­sil e Qua­li­dade Bra­sil pela ence­na­ção de 2013); dire­ção de Denise Wein­berg e Kiko Mar­ques; e dire­ção de pro­du­ção de Fer­nanda Capo­bi­anco (ges­tora do ICC), Sala­ma­le­que res­gata as car­tas de amor tro­ca­das entre dois imi­gran­tes (que tive­ram suas vidas cru­za­das após a che­gada ao Bra­sil) e difunde a cul­tura árabe. 
A cozi­nha é o cená­rio onde a atriz pre­para os pra­tos enquanto fala o texto. O público é con­vi­dado a sentar-se à mesa e com­par­ti­lhar das mui­tas his­tó­rias de vida tra­zi­das junto com aro­mas, cores e tem­pe­ros das espe­ci­a­rias da culi­ná­ria árabe. No final do espe­tá­culo, os qui­tu­tes são ser­vi­dos para a plateia.
 tem con­sul­to­ria gas­tronô­mica de Gra­zi­ela Scorvo Tava­res; ceno­gra­fia e figu­ri­nos de Chris Aiz­ner; ilu­mi­na­ção de Gui­lherme Bon­fanti; e tri­lha sonora ins­tru­men­tal ori­gi­nal de Sami Bor­do­kan. Em par­ce­ria com o irmão Wil­liam Bor­do­kan, ele con­ce­beu músi­cas ins­pi­ra­das nas can­ções do fol­clore sírio-libanês do começo do século XX, com alaúde, der­baki e nai (per­cus­são e flauta árabes, respectivamente).
A dire­tora Denise Wein­berg res­salta que o espe­tá­culo revela his­tó­rias do Ori­ente a par­tir da memó­ria da famí­lia Arbex. “O resul­tado da ence­na­ção é sin­gu­lar e sen­so­rial: a pla­teia rodeia a mesa onde se passa a ação, que é con­du­zida pela tri­lha ori­gi­nal; assiste a tudo enquanto sente aro­mas e sabo­res da culi­ná­ria síria”.
A ambi­en­ta­ção da peça é uma cozi­nha de um gal­pão aban­do­nado na Rua Flo­rên­cio de Abreu, na região da Rua 25 de Março, em São Paulo. O dire­tor e autor Kiko Mar­ques conta que Valé­ria pre­ten­dia tor­nar o palco um lugar de comu­nhão e ofe­renda. Ficou deci­dido, então, que a peça seria um encon­tro. “Encon­tro com os fan­tas­mas do pas­sado dessa des­cen­dente de imi­gran­tes sírios. Meu com Denise na dire­ção e com Ale­jan­dra Sam­paio na cri­a­ção do texto. Um encon­tro (de chei­ros e gos­tos) com o público nessa noite de cele­bra­ção”, fala Kiko, que amar­rou a dra­ma­tur­gia base­ada em his­tó­rias reais com fic­ção. O texto parte da memó­ria da atriz, que ganhou de pre­sente de sua mãe as car­tas tro­ca­das por seus avós. O casa­mento entre eles, que não se conhe­ciam pes­so­al­mente, foi arran­jado pelas famí­lias, o cha­mado “acordo de bigodes”.
A atriz não que­ria que as 68 car­tas de amor tro­ca­das entre seus avós Nadine e Nico­lau ama­re­las­sem na gaveta. Assim, depois da morte da avó, ela come­çou a pes­quisa que a leva­ria a conhe­cer, ainda, imi­gran­tes sírios, liba­ne­ses e pales­ti­nos. “Sala­ma­le­que é uma col­cha de reta­lhos de his­tó­rias que ouvi, da memó­ria de minha famí­lia, da pes­quisa gas­tronô­mica e his­tó­rica que fiz”, conta. “É uma reve­rên­cia aos imi­gran­tes, é um cami­nho de volta à minha ori­gem, um reencontro.”
O nome da peça vem da expres­são árabe “as-salaamu alei­kum” (“que a paz esteja con­tigo”); pronuncia-se “assa­la­amu aleik”, sau­da­ção ver­bal feita enquanto curva-se o tronco e toca-se a testa com a mão direita.
Ao colo­car uma lente de aumento na imi­gra­ção no Bra­sil, o solo revela a memó­ria de uma época pelo prisma árabe. De forma ritu­a­lís­tica e poé­tica, ilu­mina aspec­tos rele­van­tes desta cul­tura e pro­cura des­mis­ti­fi­car a ima­gem oci­den­tal cri­ada sobre ela. “A ence­na­ção passa ao público men­sa­gens de aco­lhi­mento e tole­rân­cia com o dife­rente”, diz a dra­ma­turga Ale­jan­dra Sampaio.

Instituto Cultural Capobianco - Teatro da Memória

R. Álvaro de Carvalho, 97 - Centro - Centro. Telefone: 3237-1187.
Não tem área para fumantes. Aceita cheques. Não aceita reservas. Tem ar-condicionado. Grátis. Proibido fumar. Tem local para comer. Tem conexão wi-fi. 40 lugares.

Sábados e Domingos Às 16h. (chegue uma e 1/2 hora para garantir seu ingresso). Até 26/4. Gratuito! #FuieVou 

Nenhum comentário:

Postar um comentário