terça-feira, 12 de maio de 2015

Meu Vo(o) Apolinário

Foto: Divulgação 
Prêmio da Unesco, estreia no teatro para todas as idades

Texto da peça de Daniel Munduruku propõe atitude mais
tolerante com as diferenças. Espetáculo estreia dia 16 de maio
no Teatro Jaraguá, com os atores Wesley Leal e J. Lopes Índio


Com texto original do escritor Daniel Munduruku (menção honrosa do Prêmio Literatura para Crianças e Jovens na Questão da Tolerância, da Unesco, em 2004) e direção de José Sebastião Maria de Souza, o espetáculo Meu Vo(o) Apolinário estreia no dia 16 de maio, sábado, no Teatro Jaraguá, para temporada de dois meses, com sessões aos sábados, às 18h, e domingos, às 16h.

Com luz de Hugo Peake, pintura corporal de Mário Lúcio e preparação corporal de Isabel da Silva Teles, a peça traz no elenco os atores Wesley Leal e J. Lopes Índio. O VJ Scan assina o videocenário.  

O adolescente, narrador da história, sofre bulling, por sua origem indígena, e seu sofrimento diminui com a descoberta de uma sabedoria ancestral – transmitida por seu avô – que o leva para a aceitação de si, de sua origem e de sua cultura. No palco são encenadas as memórias que o neto (personagem de Wesley Leal) guarda do avô (J. Lopes Índio). E o grande ensinamento do adulto é garantir ao pequeno índio o orgulho de sua origem, raiz e ancestralidade.

“A leveza da atuação de Wesley Leal, o menino ator-dançarino em seu devir nietzschiano, e a personagem de um avô representado por J. Lopes Índio, na sinceridade discreta e rigorosa de sua encenação, transmitem ao presente a dimensão de uma história individual e universal. Comovente em sua dignidade, esta narrativa confere uma força quase religiosa à transmissão de valores e experiências, reencantando o mundo em meio aos acelerados processos de sua despoetização”, fala a filósofa e professora Olgária Matos sobre a encenação.

De origem Munduruku (povo de tradição guerreira da região do Vale dos Tapajós, Pará), Daniel ganhou prêmio Jabuti e da Academia Brasileira de Letras pelas obras Coisas de Índio - Versão Infantil e Olho Bom do Menino, respectivamente.

Autor de 47 livros infantojuvenis sobre a cultura indígena, o escritor é formado em Filosofia, com licenciatura em História e Psicologia, doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado em Literatura pela Universidade Federal de São Carlos.

Em toda a sua produção, o livro Meu Vô Apolinário: um Mergulho no Rio da (Minha) Memória(Studio Nobel) é o seu texto favorito, por ser emotivo e fruto de uma vivência real. “A partir da experiência com meu avô nasceu o livro e o escritor”, conta. Um casal de amigos, que segundo ele, conhece culturas do mundo todo também serviu de inspiração. “Para eles os índios têm algo que falta ao brasileiro: a ancestralidade. Pensei sobre isso e descobri um bonito significado: raízes. Concluí que esses amigos diziam que ser índio é ter raízes. Isso me fez buscar – na memória – minhas raízes ancestrais. Aí me lembrei de meu avô. Foi ele quem me ensinou a ser índio.” A partir desta descoberta, Daniel Munduruku produziu uma obra com os ensinamentos transmitidos pelo avô.

Ao falar da peça Meu Vo(o) Apolinário, o diretor José Sebastião Maria de Souza faz referência a Dostoievsky (“você só é universal quando fala de sua própria aldeia”): “Este é um espetáculo que fala de Índios. Por isso essa reflexão sobre origens, raiz, ancestralidade. Poderia ir além da aldeia Munduruku, e situar-se na Finlândia, Japão, França, Bahia ou Vila Nova Cachoeirinha. O texto de Daniel Munduruku nos ensina a ter orgulho de ser aquilo que a gente é simplesmente”.

A proposta da montagem é colaborar na formação de uma consciência cidadã. “A ideia é conduzir a plateia a uma atitude mais tolerante com relação às diferenças. Os educadores podem utilizar o espetáculo como recurso para debater sobre preconceitos”. O objetivo é refletir sobre questões presentes na sociedade brasileira quando o assunto é o “índio”, seu papel e sua contribuição para a constituição da identidade nacional.

Teatro Jaraguá (fica dentro do Novotel Jaraguá).Endereço: Rua Martins Fontes, 71, Centro - São Paulo, SP. Tel: 11 3255-4380. Preços: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (Meia). http://www.mamberti.com.br/jaragua/emcartaz.htm.
Estreia dia 16 de maio, sábado, às 18h. Temporada: Sábado, 18h; e domingo, às 16h, até 19 de julho. Duração: 60 minutos. Indicação de faixa etária: Livre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário