sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Canção dos Direitos da Criança

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Foto: Divulgação
De Toquinho e Elifas Andreato

A mais importante obra musical de Toquinho estreia
dia 12 de setembro com direção de Carla Candiotto

Clássico do musical infantil brasileiro, espetáculo de Toquinho e Elifas Andreato tem canções compostas para a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
O disco - interpretado por Chico Buarque, Elba Ramalho e Leonardo, entre outros grandes nomes da MPB, ultrapassou a marca de 500 mil cópias vendidas. Para encenar a obra, foi convidada a diretora Carla Candiotto, que tem nome associado às mais importantes e premiadas produções do teatro infantil. Atriz Carol Badra encabeça o elenco.
                       
O mais importante entre todos os trabalhos musicais do violonista, cantor e compositor Toquinho para o universo infantil, o disco Canção dos Direitos da Criança (interpretado por grandes nomes da Música Popular Brasileira, como Chico Buarque, Elba Ramalho e Leonardo) virou espetáculo musical que estreia no Teatro Frei Caneca dia 12 de setembro, sábado, às 16 horas, para temporada de dois meses.

A ambientação remete à era vitoriana, em meio à Revolução Industrial. Engrenagens, polias e chaminés complementam o cenário de um mundo que começa a ser regido pelas máquinas e onde as crianças são obrigadas a trabalhar mais do que gente grande. No desenrolar da história, a cenografia se desdobra e revela também objetos circenses e coloridos, e personagens característicos como o leão, o elefante e a bailarina, elementos que levam o público a um verdadeiro conto de fadas.

Com músicas de Toquinho e Elifas Andreato, o espetáculo - realização da Script Produções - tem texto e direção de Carla Candiotto, cenário e figurino de Marco Lima, luz de Wagner Freire e direção musical e arranjos vocais de Daniel Rocha. O elenco reúne Carol Badra (Rainha), Fabiano Medeiros (Menino),Igor Miranda (Faxineiro e Primeiro Ministro), Bernardo Berro (Coisinha), Carolina Rocha (Coisinha),Lucas Cândido (Coisinha), Renata Airoldi (Coisinha) e Thiago Ledier (Coisinha).

Inspirado na Declaração Universal dos Direitos da Criança, Toquinho e Elifas compuseram 10 músicas, cada uma para um dos 10 princípios aprovados pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em novembro de 1959. Para dar vida às canções e encenar o espetáculo, a premiada diretora Carla Candiotto (prêmios APCA e Coca-Cola Femsa) foi buscar na história a origem dos direitos da criança. Encontrou conteúdo na figura de uma intelectual, escritora e humanista inglesa, pioneira do movimento em defesa dos direitos da criança, Eglantyne Jebb (1876-1928).

Para a diretora, um dos desafios de seu trabalho foi criar um espetáculo sobre os direitos das crianças sem ser didática. A estratégia foi mesclar o período histórico do começo da Revolução Industrial com a linguagem clownesca. Os personagens das crianças, todos com trejeitos e personalidade, geram uma simpatia quase imediata com o público. “As crianças acabam se identificando com os personagens”, conta Carla. Os ensaios contaram com a participação crítica de Inácio e Regina, filhos de Carla Candiotto e Carol Badra, respectivamente.

Divertido e atual, o texto do espetáculo foi criado pela diretora durante os ensaios. A montagem tem o estilo característico de Carla Candiotto (criadora da premiada Cia Le Plat du Jour, ao lado de Alexandra Golik) – rápidas movimentações, corre-corre, cenas limpas e bem desenhadas, ação concentrada em um personagem para facilitar o entendimento dos pequenos, luta e bordões que marcam cada tipo.

No reino da Rainha Má, as crianças são chamadas de “Coisinha” para simplificar o tratamento e estão às voltas com planos mirabolantes para convencer a todos de que precisam de mais comida. Nessa aventura, precisam vencer o fiel escudeiro da Rainha, o Primeiro Ministro, que quer dominar o mundo e ser o mais lindão do Reino.

Com 60 minutos de duração, a peça dosa na mesma medida texto e música (foram selecionadas 7 das 10 canções do disco para integrar o musical), entre elas Gente tem sobrenomeÉ bom ser criançaImaginem,Natureza distraídaHerdeiros do Futuro e Aquarela, a única que não faz parte do disco A Canção dos Direitos da Criança.

Cada uma das crianças do reino tem características bem peculiares. Há o rapaz inteligente mas prolixo, que faz todos os amigos dormirem com suas explicações; a menina cheia de ideias mirabolantes, que se expressa com a linguagem do rap, e o garoto ingênuo e bondoso, que sempre é escolhido para encarar as aventuras decididas pelo grupo. A paixão pela turma, bordões e brincadeiras de quente e frio ajudam a deixar o espetáculo ainda mais identificado com o universo da garotada.

A Rainha criada para Canção dos Direitos da Criança foge do estereótipo de poder e malvadeza de outras histórias infantis. A personagem solitária vive a conversar sozinha ou com o agressivo cachorro Vulcão. Seu motivo para ser tão má parte de um grande segredo revelado apenas no final da peça.

“Ela tem um buraco no peito e isso fez com que se esquecesse da bondade e da alegria de viver”, conta a atriz Carol Badra, intérprete da Rainha. Para Carol (integrante da companhia Os Fofos Encenam desde 2001), a personagem perdeu o encanto pela própria infância.

As coisas começam a mudar de forma quando a rainha é convidada para sair dos seus aposentos e revisitar o lado de fora do reino. “O passeio ao lado de uma criança faz com que ela recorde sua infância. Esse trecho da peça me lembra o filme Hook – A Volta do Capitão Gancho, em que o Peter Pan (interpretado por Robin Williams) volta pra Terra do Nunca depois de adulto e, já esquecido da infância, percebe como perdeu tempo ao deixar de lado a alegria de ser criança”, observa Carol.


Os demais atores da peça, escolhidos por audição entre cerca de 100 candidatos, auxiliaram Carla na composição dos personagens. “Eu analisava a disponibilidade corporal dos atores e formatava os personagens a partir daí”. O passo seguinte foi buscar química entre os atores para levá-la aos personagens.

Em uma cena memorável do espetáculo, a diretora se inspirou no tom militar de Another Brick in The Wall, clássico da banda britânica Pink Floyd, para coreografar e dar nova melodia a música ImaginemEm meio a versos como “Armas de fogo, seria tão bom / Se fossem feitas de isopor / E aqueles mísseis de mil megatons / Fossem bombons de licor”, os personagens marcham com o intuito de mostrar para as crianças – com letra e imagens – como a guerra é algo nocivo. As referências ousadas da encenadora para a cena também foram encontradas no musical Across the Universe, com canções dos Beatles e que se passa na Guerra do Vietnã.

Dois espetáculos anteriores também se basearam no disco A Canção dos Direitos da Criança: Os Direitos da Criança, 2004, com texto de Ana Maria Machado e direção de Osvaldo Gabrieli, e Canção dos Direitos da Criança, 1997, com direção de Roberto Lage e texto de sua autoria com Elifas Andreato. A proposta da montagem atual é estimular a criatividade, passando a importância e o significado dos direitos da criança de forma irreverente e divertida.

Segundo o cenógrafo e figurinista Marco Lima, a principal diferença entre a montagem de Carla Candiotto e a Osvaldo Gabrieli – ambos com cenários criados por ele – é que o texto de Carla situa toda a ação em um só espaço, inspirado na Era Vitoriana, com toques de contos de fadas. Na primeira encenação os personagens percorriam diversos lugares com características semelhantes ao do conteúdo das letras das músicas.

“Das memórias de infância da Rainha surge um circo para transformar a rigidez desse reino industrial. Iremos utilizar alguns recursos, como teatro de sombras, bonecos, máscaras, efeitos e muito adereço para realizar um espetáculo encantador”, complementa Marco.

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