segunda-feira, 17 de junho de 2013

"Lou & Leo"

Foto: LOU&LEO - Estreia amanhã dia 18 de junho no Centro Cultural São Paulo. 
Direção de Nelson Baskerville.
Documentário 

LOU&LEO - Estreia amanhã dia 18 de junho no Centro Cultural São Paulo.


 O artista e ativista transexual Léo Moreira Sá, ex-bateirista de “Mercenárias”, primeira banda de punk rock feminina do Brasil, narrasua trajetória em busca de sua identidade desde a sua vinda do interior pra São Paulo, os movimentos feministas dos anos 80, USP, a dependência da cocaína e a conseqüente prisão em 2004 até ganhar o premio Shell 2012 de iluminação junto a Cia de Teatro “Os Satyros”.
Lou&Leo
meus projetos pessoais terão que esperar
Por Nelson Baskerville
Em maio de 2012, após a apresentação de Luís Antônio-Gabriela no Páteo do Colégio, fazendo parte da Virada Cultural Paulista, Léo Moreira Sá me procurou. Antes disso eu tinha tido um breve encontro com ele como responsável técnico no teatro dos Sátyros. Gabriela o tinha tocado. Ele então me convidou para uma mesa de discussões sobre Teatro e Diversidade Sexual na qual fui com prazer. Era uma continuação de uma dívida que eu contraíra com Luís Antônio; e depois da estreia do espetáculo em 2011, nunca deixei de atender a um só convite que discutisse esse assunto. Continuo assim, com prazer. Quando Léo fez uso do microfone falando da transexualidade com tanta propriedade eu não conseguia entender qual a ligação dele com tal assunto. Talvez ele também tivesse um irmão, irmã, parente transexual. Saí do encontro sem saber e sem perguntar. Nessas ocasiões meus antepassados ingleses gritam na minha alma: nunca faça uma pergunta capaz de constranger o outro ou a si próprio. Logo depois ele me procurou novamente para me convidar a dirigir um espetáculo que falava de sua vida e na primeira reunião constatei. Léo havia sido Lou. Não consegui disfarçar o espanto e fascínio que tive ali na frente dele. A história que ele queria contar era novamente um Luís Antônio-Gabriela invertido. Eu poderia, por questões de carreira, declinar para não repetir o assunto, para não ficar marcado ou para não acharem que eu achei na diversidade “o meu filão”. Claro que essa ideia horrorosa do inferno em que vivemos também passou pela cabeça. Mas ao mesmo tempo eu não hesitei um só momento. Não disse um “vou pensar”, “vou ler o texto antes”, porque não se tratava só de mim, eu tenho consciência do que despertei depois de Luís Antônio. E não há nenhuma “questão de mercado” que me impeça de fazer aquilo que eu tenho que fazer. Gosto do Brecht quando ele diz que a arte deve se preocupar com as “tragédias que poderiam ser evitadas”. Experimentei isso com relação ao meu irmão/irmã e vi em Lou&Leo novamente a mesma história, o mesmo preconceito, a mesma descriminação. O espetáculo é mais um documentário cênico performático que me desafia e me tira noites. Léo não é ator, é cara-de-pau, como ele mesmo gosta de dizer. Um homem contando a própria história no palco. Uma vida rica. Um homem em um corpo feminino que desceu ao Hades e voltou para passar a experiência (se não for assim nada faz sentido na vida). Um menino que um dia é obrigado a vestir uma saia para poder ir à escola. A vinda pra São Paulo; ele é natural de São Simão, perto de Ribeirão Preto. O abuso sexual. A entrada na USP, a entrada nas “Mercenárias” onde foi baterista. A história de amor com Gaby, uma travesti com quem ele casou. O envolvimento com as drogas, o tráfico, a prisão em 2004 e o ingresso na Companhia dos Sátyros que lhe valeu, junto com Rodolfo Garcia Vazquez, o premio Shell de iluminação de 2012.
A discriminação é um erro que cometemos como humanidade. Faço Lou&Leo para entender melhor o que é gênero (descobri que são muitos e não precisam de rótulos). Para entender melhor o humano e as mentiras que nós nos contamos como humanos.

Com  Léo Moreira Sá e Beatriz Aquino. Participação Lucas Braga e Tom Garcia. Direção de Nelson Baskerville.

 LOU&LEO
Centro Cultural São Paulo - Sala Ademar Guerra - R. Vergueiro, 1000 – Informações: 3397.4002
Bilheteria: aberta 2 horas antes do espetáculo
Terças, Quartas e Quintas às 21h. Ingressos: R$ 20
Duração: 50 minutos. Recomendação: 16 anos. Gênero: documentário
Estreia dia 18 de junho. Curta Temporada: até 11 de julho

#FUIEVOU!

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