quarta-feira, 3 de maio de 2017

Crônica da Demolição

O filme conta a história esquecida do Palácio Monroe, sede do antigo Senado Federal, estreia dia 11/05

Chega aos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre  e conta a história do Centro do Rio de Janeiro, ao longo do século XX, a partir do caso do Palácio Monroe. Com uma narrativa de tensão e atmosfera de suspense, o filme discute o processo histórico que culminou na demolição do Palácio Monroe, e as dúvidas que ainda persistem sobre o assunto. No entanto, para além deste obscuro caso no centro do Rio de Janeiro, o que o filme retrata são os processos políticos e históricos que atravessam a vida de todas as grandes cidades brasileiras. 
O documentário conta com uma centena de fotos antigas e 26 filmes de arquivo - incluindo um raro registro a cores da demolição do palácio - resultado de um ano de pesquisa em mais de 30 acervos e instituições. Suas filmagens foram realizadas no Rio de Janeiro - lançando um novo olhar sobre o centro da cidade - no Senado Federal, em Brasília, e em Uberaba, na fazenda que hoje abriga um portão e os leões do palácio.  Este é o primeiro longa-metragem do diretor Eduardo Ades, que estreou na direção com o premiado curta “A dama do Estácio”, estrelado por Fernanda Montenegro. 
Por meio dos materiais de arquivo e depoimentos de envolvidos no caso e especialistas como os arquitetos renomados Alex Nicolaeff, Alfredo Britto e Ítalo Campofiorito, assim como o ex-prefeito Cesar Maia, e Humberto Barreto, antigo assessor do presidente Geisel,  CRÔNICA DA DEMOLIÇÃO reconstrói 70 anos de história da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), local onde ficava o Palácio Monroe.
A estreia mundial de CRÔNICA DA DEMOLIÇÃO foi no Festival do Rio, na Competição Oficial da Mostra Première Brasil. Participou ainda da Mostra de São Paulo, e festivais de cinema e arquitetura na Turquia e África do Sul entre outros. No total, foram 15 festivais e 5 prêmios: Melhor Documentário no Brasília Int’l Film Festival, Melhor Direção e Montagem no CineJardim, e Melhor Pesquisa e Edição de Imagem/Som no REcine – Festival de Cinema de Arquivo.

O PALÁCIO MONROE
O Palácio Monroe foi construído pela primeira vez na Exposição Universal de St. Louis (1904), nos Estados Unidos, como o Pavilhão do Brasil. Lá ganhou o primeiro prêmio internacional da arquitetura brasileira. Depois foi reconstruído no Brasil (1906), na Avenida Central no Rio de Janeiro. Posteriormente foi batizado em homenagem ao presidente americano James Monroe, criador da Doutrina Monroe, e tornou-se um dos mais importantes cartões postais da cidade.
O Palácio abrigou diversas instituições, sendo que a mais notória foi a de Senado Federal, de 1925 a 1960 – exceto durante o Estado Novo (1937-1945), quando Vargas fecha o Congresso. Ao longo desse período, o palácio acumulou uma série de valores: arquitetônico (por sua forma eclética, merecedora de premiação internacional), urbanístico (coroamento da Avenida Central, símbolo principal da modernização da Capital Federal no início do século XX), histórico-político (sede do Senado, uma das mais importantes instituições da república).
Nada disso, entretanto, foi suficiente para evitar o seu desaparecimento. Já na década de 1950, o Senado propunha a demolição para abrigar uma sede mais espaçosa. O projeto vencedor da licitação, do arquiteto modernista Sergio Bernardes, traria um arranha-céus de 110 metros de altura para aquele terreno. No entanto, com a transferência da capital para Brasília, o projeto perde seu uso e o palácio ganha alguma sobrevida.
A partir do fim da década de 1960 e por toda a década de 1970, o centro do Rio de Janeiro sofre intensa transformação. São anos de intensa especulação imobiliária, promovida, inclusive, pelo governo federal, que apostava no setor da construção civil como importante motor da economia – na geração de empregos e de negócios. Prédios antigos eram demolidos para dar lugar a novos edifícios comerciais.
Diante desse cenário, o arquiteto Paulo Santos encaminha ao SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN) uma proposta para tombar o conjunto arquitetônico da Avenida Central, evitando que se perdesse definitivamente a paisagem construída no início do século, na administração do prefeito Pereira Passos. Esse conjunto abarcava as antigas edificações ao longo da Avenida Rio Branco, entre a Avenida Almirante Barroso (onde estavam os prédios do Jockey e Derby Club, e o Clube Naval) e o Palácio Monroe e Obelisco no outro extremo – incluía, portanto, o Theatro Municipal, a Biblioteca Nacional, entre outros.
Trava-se, no entanto, intenso debate no Conselho Consultivo do SPHAN, uma vez que o arquiteto e urbanista Lúcio Costa – funcionário já aposentado da repartição – não recomendava o tombamento de vários desses prédios, porque não via qualquer valor na sua arquitetura eclética. O não-reconhecimento do mérito artístico dos prédios, acompanhado de uma pressão do governo, leva a que apenas o Palácio Monroe e os prédios do Jockey e Derby Club venham a ser demolidos. A praça vazia fez, durante décadas, a população carioca evocar a história do palácio: para que demolir e não fazer nada? É a partir desta pergunta que o filme busca recontar essa história.

Documentário, cor, 2K, DCP, 90 minutos
Sinopse: Ao investigar a controversa demolição do Palácio Monroe, o antigo prédio do Senado Federal no Rio de Janeiro, decretada pelo presidente Ernesto Geisel no período militar, o documentário revela os jogos de poder que determinam os destinos de nossas cidades até hoje.
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