Fotos: Regina Lima |
Direção: Eduardo Figueiredo
Elenco: Leona Cavalli e José Rubens Chachá. Em peça inédita, depois de 10 anos sem estrear um texto no teatro, Maria Adelaide Amaral traz para a cena os dois fascinantes artistas mexicanos e sua complexa relação. Com direção de Eduardo Figueiredo “Frida Y Diego” tem estreia no Teatro Raul Cortez em São Paulo dia 11 de outubro às 21h com a atriz Leona Cavalli interpretando Frida Kahlo e José Rubens Chachá como Diego Rivera. Depois de temporada de estreia nos palcos paulistanos, o espetáculo segue na sequência em janeiro de 2015 para nova temporada no Teatro Maison de France no Rio de Janeiro, abrindo a concorrida temporada de verão do teatro carioca.
O ultimo texto da dramaturga encenado nos palcos foi “Chanel” com Marilia Pera há dez anos. Depois desta criação autoral, Maria Adelaide Amaral chegou também a assinar a adaptação para os palcos do livro de Ligia Fagundes Teles “As Meninas”.
Frida Kahlo e Diego Rivera viveram um grande e conturbado amor, ao mesmo tempo em que influenciavam com sua arte latina o mundo das artes plásticas europeu e americano na animada e confusa década de 30. A peça recheada de conflitos, poesia, nostalgia e humor, tem Iluminação assinada por Guilherme Bonfanti, cenário, figurino e adereços por Márcio Vinícius e direção musical de Guga Stroeter.
O espetáculo revela o reencontro dos dois artistas depois da traumática separação. Reencontro que levaria a reconciliação dos dois, numa fase muito difícil da vida de Frida quando já bastante doente e com muitas dores voltou a morar junto a Diego, na verdade em casas vizinhas ligadas por um corredor.
A montagem
O convite para escrever uma peça sobre Frida Kahlo e Diego Rivera foi feito pelo diretor Eduardo Figueiredo e pelo diretor de produção do espetáculo, o ator Maurício Machado, à dramaturga Maria Adelaide Amaral em 2013. “Eu sempre tive fascínio por Frida e Diego. Vi algumas exposições dela por esse mundo afora e quando fui ao México conheci pessoalmente a obra de Diego. Estive na Casa Azul duas vezes e visitei a casa deles em San Angel. Isso alguns meses antes do Eduardo e do Maurício me encomendarem a peça”. Conta a autora. Maria Adelaide estudou profundamente a vida da dupla de artistas para escrever o texto. “Não é bem ficção. É teatro e o tema foi intensamente pesquisado nos livros sobre Diego e Frida que já tinha e em outros que me mandaram dos Estados Unidos e México” , completa Maria Adelaide.
Para a montagem o diretor Eduardo Figueiredo irá focar na interpretação dos atores, “esse espetáculo é dos atores, nós só vamos preparar a cama para eles se divertirem” e optou por colocar música ao vivo no espetáculo. Em cena dois músicos tocam acordeon e baixo. “Para mim é fundamental que uma peça como esta tenha músicos em cena, o próprio Diego Rivera era um grande festeiro e a música aqui reforça a passionalidade da relação deles. Pretendo falar da humanidade presente destes dois grandes artistas”, comenta o diretor. Outro aspecto importante para mim é fomentar questionamentos, nesse contexto específico, temas tão contemporâneos como Traição e lealdade. E a obra de Maria Adelaide, apresenta, de forma explicita esse universo afetivo desses dois grandes artistas sem perder o panorama histórico que tanto os influenciaram. E a dramaturgia e o trabalho dos atores são o nosso norte no espetáculo!"acrescenta.
O ator José Rubens Chachá, que completa 40 anos de carreia com esta montagem, observa: ”Foi o melhor presente que poderia receber. Eu tenho fascínio muito grande por personagens reais. Quando completei 30 anos de carreira a Maria Adelaide me convidou para viver Oswald de Andrade no espetáculo “Tarcila”, também de sua autoria. Desta vez o presente me surpreendeu ainda mais. Considero Oswald e Diego dois antropofágicos em suas artes tão diversas.”
Há 9 anos sem participar de uma produção de teatro paulistana, a atriz Leona Cavalli comemora o retorno. ”Frida foi sempre absolutamente avançada em sua arte e na vida, ela teve a coragem de fazer da sua existência uma obra de arte e fez isso com extrema inteligência, indo muito além da sua dor. É um privilégio trazer para a cena a humaninade dela, o texto da Maria Adelaide coloca a matéria prima da arte da Frida na dramaturgia, ou seja, a sua vida. Muitas coisas que estão escritas na peça foram ditas pela artista.” Conta a atriz.
Um pouco da história
Frida Kahlo foi uma artista única, para muitos é considerada a pintora do século. Em 1913, com seis anos, Frida contraiu poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida. Apesar de seu pouco tempo de vida, deixou obras magníficas e intrigantes que influenciam o mundo das artes até hoje. Sua trajetória também é tida como uma obra instigante e com grande poder de chamar atenção.
Diego desde criança sempre quis ser pintor e todos percebiam ter talento para isso. Ao ficar adulto, após estudar pintura na adolescência, participou da Academia de San Pedro Alvez, na Cidade do México, partindo para a Europa, beneficiado por uma bolsa de estudos, onde ficou de 1907 até 1921. Esta experiência enriqueceu-o muito em termos artísticos, pois teve contacto com vários pintores da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudí, que influenciaram a sua obra. Nesta época começou a trabalhar num ateliê em Madrid, Espanha. Acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão.
Em 1929, Frida e Diego se casam. Ela com 22 anos e ele com 43, era o terceiro casamento de Diego. Viveram uma relação muito conturbada, por conta de casos extraconjugais de ambos, de suas personalidades fortes e de suas convicções artísticas e políticas. Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, mesmo ela sendo casada, mas não aceitava os casos da esposa com homens. O casamento era cheio de brigas e confusões, também pelo fato de Rivera querer filhos e Frida, que enfrentava problemas de saúde desde muito jovem devido a um sério acidente sofrido na adolescência, ter sofrido muitos abortos; filhos dele; e não conseguir engravidar mais.
Rivera envolveu-se com sua cunhada, Cristina, e tornou-se amante dela. Ficaram muitos anos juntos e tiveram seis filhos. Frida apanhou-os na cama, tendo um ataque histérico e cortando os próprios cabelos. Como vingança, passou a atormentá-lo, passando a persegui-lo e a odiar a irmã, quando acabaram por se separar. Muito abalado com tudo, Diego abandonou os filhos e Cristina, que foi embora. Depois acabou indo atrás de Frida, mas não tendo sucesso na reconquista. Passaram a ser inimigos. Rivera continuou com sua vida de antes, muitas bebidas e amantes, inclusive saía com prostitutas, mas sempre pensando em Frida. Após um tempo separados, Frida e Rivera se reconciliaram. Os dois moraram em casas vizinhas conectadas por um corredor até a morte de Frida em 1954, aos 47 anos. A Casa Azul, como ficou conhecida, abriga hoje o Museu Frida Kahlo, e conserva tudo como os dois deixaram, lá é possível encontrar cartas de amor trocadas pelo casal e diversos objetos do cotidiano dos dois.
.Sinopse - A peça fala do casamento e relação entre de Frida Kahlo e Diego Rivera. Uma história de paixão e cumplicidade. Com todos os dramas, humores, rupturas e reconciliações, era uma relação de liberdade e amor incondicional. O espetáculo se passa entre o período de 1929 à 1953, no México, França e Estados Unidos, onde viveram e trabalharam: a conturbada relação do casal, as mútuas infidelidades, personalidades fortes, as suas convicções artísticas e políticas.
Teatro Raul Cortez - R Plinio Barreto, 285 - Fecomércio - Bela Vista.
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