segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Fulaninha e Dona Coisa

Foto: Divulgação
Com Nathalia Dill, Vilma Melo e Rafael Canedo
De Noemi Marinho.  Direção Daniel Herz
Um dos maiores sucessos do teatro brasileiro, comédia de Noemi Marinho estreia em São Paulo
Numa encenação não realista, dirigida por Daniel Herz e idealizada por Eduardo BarataNathalia Dill e Vilma Mello vivem, respectivamente, Fulaninha e Dona Coisa. O espetáculo faz ensaios abertos nos dias 30/09 e 01/10, e estreia dia 07/10, no Teatro Renaissance. “A possibilidade de emocionar o público dentro de uma comédia é algo quem me instiga e me interessa”, detalha o diretor. A peça se apropria do humor, da carência, da solidão e do encontro para falar das diferenças de origem e da relação entre duas pessoas, ao mesmo tempo, tão ricas e diferentes. “Fui assistente de direção do Nanini na primeira montagem carioca, com Louise Cardoso, em 1990. Quando convidei o Daniel para dirigir, planejamos uma encenação dinâmica e divertida, com uma nova roupagem. O espetáculo mantém vários elementos de referência aos anos 90, como: telefone com fio, bip de mensagens, secretária eletrônica, entre outros. Contudo, as emoções, situações e relações são completamente atuais”, detalha o produtor e idealizador Eduardo Barata.
De um lado está Dona Coisa, uma mulher moderna, independente, que prefere manter certa distância em suas relações. Do outro está Fulaninha, uma jovem com a cabeça cheia de sonhos que chega do interior para trabalhar como empregada doméstica. O espetáculo retrata, através do humor, as dificuldades da convivência diária entre ambas, resultado das trapalhadas de Fulaninha, que entre muitas confusões pensa que a piscina do prédio chique de Dona Coisa é um açude; se assusta com o telefone e elevador; e ainda arruma um namorado bem enrolado, um técnico de telefone interpretado por Rafael Canedo. Apesar do estranhamento com a vida moderna, Fulaninha é muito esperta e usa a inteligência para conquistar a patroa, que só admite a empregada com muitas exigências, como dormir no local, trabalhar nos finais de semana e não namorar. Sem saber sobre seus direitos, Fulaninha acata as exigências por também gostar da patroa e aproveita para curtir a casa como se, literalmente, fosse sua, usando as roupas de Dona Coisa e comendo suas comidas preferidas.
“Todos temos na vida um lado Fulaninha e um lado Dona Coisa. Brincamos com isso quando as atrizes invertem de papel no palco”, conta Herz, que traz para a encenação a questão da temática racial pensada e idealizada pelas equipes de produção e criação, desde a programação visual, que utiliza uma imagem em preto e branco das atrizes, até a iluminação, que acentua o momento de inversão por uma mudança de direção de focos.
“É um dos momentos chave do espetáculo”, afirma o iluminador Renato Machado.  A cenografia de Fernando Melo da Costa, com algumas sugestões de elementos que compõe a casa de Dona Coisa, propõe um espaço de jogo cênico. O espetáculo faz com que cada espectador idealize uma casa diferente para Dona Coisa, através da imaginação.
“Estar no lugar da patroa tem um significado que vai além do particular: é político e social. Falamos aqui não só do empoderamento negro, mas também da divisão de classes. O público esbarra numa comédia leve que aponta para a reconstrução de valores éticos e estéticos”, comenta Vilma Melo, primeira atriz negra a ganhar o prêmio Shell RJ (29° edição) na categoria de melhor atriz. “Quando o Eduardo me mostrou o texto, eu topei fazer na hora. A peça toca num ponto que ainda é tabu na nossa sociedade, o trabalho da empregada doméstica, que transita em uma linha tênue entre o privado e o profissional”, conta Nathalia Dill.
“Como as mudanças são muito rápidas e ninguém sai de cena praticamente, resolvemos fazer uma brincadeira a partir do conceito de transformação”, conta Clívia Cohen, responsável pelos figurinos, que se transformam em múltiplos elementos e adereços de cena. “Uma hora a bolsa da Dona Coisa vira o avental de Fulaninha (símbolo da empregada doméstica), outra hora a saia vira um mantô (símbolo de poder e riqueza), então assim como a relação entre as duas vai se transformando, os figurinos seguem a mesma proposta”, conclui.  Leandro Castilho compôs vinhetas e trilhas que auxiliam nas transições de cenas. “A música contribui bastante com o humor da peça. Aproveitei ritmos bem brasileiros, como batucada de tamborim, cuíca e samba, na hora de fazer as vinhetas”, comenta Castilho.
“Em um momento em que o país passou por uma transformação nos direitos trabalhistas dos empregados domésticos, a peça aparece como uma oportunidade de falar das recentes modificações, de maneira bem-humorada, sem deixar de ser informativa. Uma peça que fala das muitas possibilidades e ambiguidades que existem numa relação entre o personagem que oprime e o que é oprimido”, finaliza o produtor Eduardo Barata.

Teatro Renaissance (448 lugares) - Al. Santos, nº 2233 - Inf: (11) 3069-2233
Bilheteria de terça a domingo, das 14h às 20h. Pagamento em dinheiro e cartões
Vendas: (11) 4003.1212 e ingressorapido.com.brSábado às 19h | Domingo às 20h. 
 Ingressos: R$ 100. Duração: 70 minutos. Classificação indicativa: 12 anos
**Ensaio aberto promocional: dias 30 de setembro e 01 de outubro com ingressos a R$ 30**
Estreia dia 07 de Outubro de 2017. Curta Temporada: até 29 de Outubro


#fuievou











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