No elenco, Caco Ciocler, Luis Melo, Edwin Luisi e Pedro Henrique Moutinho.
Uma curiosidade sobre a montagem é que o ator José Wilker estava se preparando para fazer o papel que hoje é Edwin Luisi antes de falecer.
Ao mesmo tempo que, coincidentemente, o texto de Harold Pinter está em cartaz com uma montagem na Broadway (No Man’s Land, com os atores Ian McKellen e Patrick Stewart), TERRA DE NINGUÉM ganha sua primeira versão brasileira, com tradução e direção de Roberto Alvim. O texto de Harold Pinter é inédito no Brasil.
TERRA DE NINGUÉM teria, originalmente, José Wilker no papel que hoje cabe a Edwin Luisi. O ator, que faleceu antes mesmo que os ensaios começassem, chegou a ir para os EUA para ver a montagem em cartaz na Broadway. Alvim, que trocava e-mails com Pinter durante os seus últimos três anos de vida e foi o autor do obituário do dramaturgo irlandês na Folha de São Paulo, diz que, até pelo relato de Wilker, essa montagem será mais densa e pertubadora do que a montagem americana: “Não vi a versão da Broadway por inteiro, somente alguns trechos em vídeo, mas posso dizer que a peça terá um tom mais delirante”, explica.
Esse é o segundo texto de Pinter que chega aos palcos brasileiros com a assinatura de Roberto Alvim. O primeiro foi O Quarto, que ganhou o Prêmio BRAVO! Prime 2009 de melhor espetáculo de teatro de São Paulo. “Esse texto é uma verdadeira obra prima do teatro mundial. Eu sempre tive vontade de montar, mas estava esperando chegar à formação de elenco ideal. No Man’s Land sempre teve montagens com grandes nomes das artes cênicas e a força dele pede isso. Temos um quarteto extremamente adequado para a peça: os papéis se encaixam muito bem em cada um dos atores escolhidos para o elenco e o quarteto tem uma ótima sintonia em cena”, conta Alvim.
Sobre a trama
A peça tem início no passeio que um rico homem (Edwin Luisi) faz pelas ruas. Ele encontra um pobre (Luis Melo) e o convida para a sua casa. Eles bebem juntos e se torturam mutuamente, em um jogo de poder degradante. Dois jovens homens (Caco Ciocler e Pedro Henrique Moutinho) extremamente violentos se juntam aos dois, tornando a história mais perigosa e paranóica.
Aos poucos, toda sanidade e realismo em cena dão espaço ao delírio, fazendo com que o público não enxergue mais as barreiras entre vida e morte, sonho e realidade. Os próprios personagens perdem suas identidades e as reconstroem obsessivamente, configurando o palco como uma zona de instabilidade: tensa, inquietaste e perturbadora.
Ar sombrio e delirante
Alvim sempre escolheu texto “com tom mais escuros” por conta das suas características na hora de criar a encenação de suas peças. “TERRA DE NINGUÉM é uma peça que aborda a degradação humano e tem um intenso jogo de poder. Os personagens Spooner e Hirst se alternam numa relação paranóica em uma peça com uma carga homoerótica muito forte. O espetáculo começa de maneira bem realista e vai entrando num delírio completo, que faz com o que público saia do teatro sabendo menos daqueles personagens do que ao entrar”, fala. Enquanto o tom sombrio e as sombras ganham o palco, Alvim diz que em cena, os personagens terão mais movimento, diferente de suas montagens anteriores.
O cenário reforça o tom da montagem: o palco será forrado com um piso de mármore negro e uma parede de garrafas ao fundo. Ela será coberta por duas paredes do mesmo material que o chão e que se fecham no segundo ato do espetáculo, dando ao palco um ar de mausoléu. Os atores usarão roupas escuras, com um figurino com forte influência dark e dândi, além da inspiração do filme Laranja Mecânica.
A peça estreia em 19 de setembro, sexta-feira, às 21 horas, no Teatro do SESC Vila Mariana.
Duração– 70 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 16 anos.
Temporada – Sexta-feira e sábado às 21 horas e domingo às 18 horas.
Ingressos – R$ 50,00; R$ 25,00 (usuário matriculado, estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 15,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes). Até 26 de outubro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário