‘Marias da Luz’
O espetáculo retorna a São Paulo, após circular por 11 capitais brasileiras
Construída a partir de depoimentos reais de mulheres do Parque da Luz, a peça da companhia As Graças volta à capital paulista, no dia 23 de novembro, para a temporada que encerrará o projeto
Direção de André Carreira
Com Eliana Bolanho, Juliana Gontijo, Daniela Schitini e Vera Abbud
Grátis - No Parque da Luz, ao ar livre, sábados e domingos, às 17h
Temporada de 23 de novembro a 15 de dezembro
“É uma oportunidade de termos a voz dessas pessoas como fonte de dramaturgia e de criação em um espaço onde a Cia As Graças já realizou tantas apresentações e estabeleceu um diálogo instigante com seu público”.
As Graças.
Após temporada em São Paulo, Marias da Luz irá circulou nacionalmente por 11 estados, neste segundo semestre de 2013
A Cia de Teatro As Graças (formada pelas atrizes Daniela Schitini, Eliana Bolanho, Juliana Gontijo e Vera Abbud), em atividade desde 1995, retorna a São Paulo para a última temporada da peça ‘Marias da Luz’, que estreou na capital paulista em junho deste ano e depois seguiu para apresentações em outras 11 capitais do país: Goiânia, Brasília, Palmas, Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba e Belo Horizonte.
O Parque, primeiro da cidade de São Paulo foi fundado em 1798 – aonde as atrizes fizeram a pesquisa do espetáculo --, serviu de cenário para compor o universo poético das quatro personagens: Maria Pequena (Eliana Bolanho), Mariana (Daniela Schitini) e Marivânia (Juliana Gontijo) que contam fragmentos das histórias de suas vidas e a fotógrafa Marileide/Biguá (Vera Abbud).
Marivânia (Juliana Gontijo) é mãe, uma mulher que procura a filha Maria, desaparecida no Parque da Luz há muitos anos; Mariana (Daniela Schitini) é uma mulher jovem dos anos 1910, que chega à Estação da Luz para encontrar o noivo que a abandona grávida; e Maria Pequena (Eliana Bolanho), uma mulher que trabalha como prostituta no parque, abandonada na infância pela mãe na antiga rodoviária e Marileide/Biguá (Vera Abbud), fotógrafa, uma personagem atemporal, enigmática e cômica que registra e interage com as histórias dessas mulheres.
O tradicional ônibus-palco, marca do projeto As Graças Circular Teatro - Do Parque da Luz para o Brasil, ajudou a contar a história, mas nesta montagem, deu lugar à Casa de Chá, ao Ponto do Bonde, ao Coreto e ao Roseiral, pontos que são o palco e que serão percorridos pelo público, acompanhado pelas atrizes, no trajeto poético em que acontecem as cenas.
A escolha do nome ‘Marias da Luz’ deu-se pelo fato de grande parte das mulheres entrevistadas durante o recolhimento de depoimentos se chamarem Maria ou de terem alguém próximo e que faziam parte de suas histórias com o nome de Maria.
O projeto As Graças Circular Teatro – Do Parque da Luz para o Brasil compreendeu uma mostra de repertório, palestras, saraus e o trabalho de pesquisa sobre histórias de pessoas que habitam ou frequentam a região central da Luz e a criação e circulação do espetáculo ‘Marias da Luz’
A cada espetáculo um diretor convidado
Desde sua fundação a Cia As Graças convida, a cada espetáculo, um diretor de teatro para participar das criações de seus espetáculos. Nomes como Ednaldo Freire, Vânia Terra, Kleber Montanheiro, Regina Galdino, Marco Antonio Rodrigues, Vivien Buckup, Cris Lozano, Cibele Forjaz, Cristiane Paoli Quito, Leris Colombaioni, já dirigiram peças do repertório da As Graças.
Em Marias da Luz a direção é de André Carreira - estudioso e diretor de teatro que tem como proposta de seu trabalho o teatro de invasão – a cidade como dramaturgia. Formado em artes plásticas pela UNB, e doutor pela Universidad de Buenos Aires. Leciona no Programa de Pós-Graduação em Teatro (Mestrado/Doutorado) da Universidade do Estado de Santa Catarina. Em 2007, Carreira lançou o livro Teatro de Rua: uma paixão no asfalto.
Sinopse
Nova criação da Cia. As Graças construída a partir de depoimentos reais de mulheres do Parque da Luz. Quatro mulheres de tempos diferentes tocadas pelo abandono e pela solidão se encontram no Parque da Luz e buscam um novo começo para suas vidas.
A companhia tem outros treze espetáculos em seu repertóriotreze espetáculos autorais que já circularam por diversas cidades do Brasil (incluindo a capital paulista onde foram, várias vezes, contempladas com a Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo).
Entre as peças da companhia algumas têm inspiração no universo literário e são destinadas ao público adulto, outras abordam a linguagem de bonecos e são voltadas ao público infantil. A companhia também aborda outras linguagens como, por exemplo, o teatro de rua. Desde 2002 o grupo realiza o projeto Circular-Teatro, utilizando um ônibus que se transforma em palco para levar teatro ao público que encontram nas ruas e praças da cidade de São Paulo e diversas outras cidades do Brasil por onde passa.
Espetáculos do grupo As Graças – Trajetória completa
-Endecha das Três Irmãs, de Adélia Prado, direção e adaptação de Vânia Terra;
-Poemas para Brincar, de José Paulo Paes, adaptação de Juliana Gontijo e direção de Eduardo Amos
-Sonhos de Einstein (98) de Alan Lightman, direção e adaptação de Isabel Setti ;
-Itinerário de Pasárgada (99) de Manuel Bandeira, direção e adaptação de Regina Galdino;
- O Vôo (2000) com direção de Cláudio Saltini e adaptação de Regina Galdino
- O Vôo II – A grande corrida das máquinas voadoras(2002) com direção de Eduardo Amos e texto de Regina Galdino;
-Tem Francesa no Morro (2002) musical com direção e texto de Kleber Montanheiro
-Nas Rodas do Coração (2004) musical com direção de Ednaldo Freire e texto de Regina Galdino, criado especialmente para o projeto Circular Teatro;
-Clarices (2006) com textos de Clarice Lispector e direção de Vivien Buckup ;
-Noite de Reis (2006) de Shakespeare, adaptação de Daniela Schitini e direção de Marco Antônio Rodrigues, criado para o projeto Circular Teatro;
-Tem, mas acabou! (2008), espetáculo infantil sobre morte e finais de ciclos com textos do grupo e de Ricardo Azevedo e direção de Cris Lozano.
-Como Saber!, direção e dramaturgia de Leris Colombaioni, criado para o projeto Circular Teatro;
- Não Uma Pessoa, texto de Daniela Schitini e direção de Vivien Buckup.
Curiosidades sobre o Parque da Luz
Primeiro Jardim Botânico brasileiro, uma espécie de viveiro de cultivo de vegetação de várias partes do mundo mantido por portugueses.
A construção da Estação da Luz, no final do século XIX, contribuiu muito para a degradação do parque, os imigrantes dessa época vinham de muitas regiões do país e do exterior eram predominantemente italianos, e por isso a existência da estátua de Garibaldi, que foi o primeiro busto a ser esculpido no Brasil.
O Parque da Luz sempre foi um lugar democrático, de convivência e de encontros nos âmbitos político e de relações sociais, frequentado em seus diferentes ambientes tanto pelos barões do café quanto pelos escravos.
Monteiro Lobato foi um frequentador muito assíduo e reclamava da influência europeia - principalmente da inglesa (Casa de Chá) e francesa (Coreto) – na arquitetura do parque.
O parque tinha um observatório (Séc XVIII) que foi demolido após a construção da Estação da Luz, pois ficava bem em frente e ofuscava a sua torre.
O Aquário (Séc XIX) não possui registro sobre a origem e sua construção.
O lago em forma de cruz de malta era uma grande atração do parque e as pessoas navegavam nele.
A casa do administrador (séc XX) foi habitada por um alemão conhecedor de Botânica, sua família viveu por 3 gerações, até 1970
As primeiras experiências com o uso da energia elétrica em São Paulo foram no Parque da Luz. Uma das grandes escavações arqueológicas destruiu cerca de 70% da vegetação do parque.
A prostituição existe no parque de forma estabelecida resultante de um processo histórico iniciado em 1910 quando os principais prostíbulos da cidade foram fechados e as prostitutas ficaram desempregadas e passaram a trabalhar no parque e lá permanecem até hoje.
Muitas delas trabalham nas lojas da Rua José Paulino e trabalham como prostitutas no período livre. Houve muitos movimentos por parte das administrações do parque para expulsá-las, mas elas sempre se uniram e resistiram.
A Montagem
As Graças e o diretor artístico André Carreira criaram uma cenografia de baixo impacto ambiental com recursos simples e de fácil mobilidade para outros espaços e parques. Considerando que a matéria prima do espetáculo é a memória os elementos cênicos centrais são pinturas com paisagens do parque e fotografias e retratos antigos de pessoas em displays (em tamanho natural) e varais.
O repertório musical é composto de canções populares, efeitos sonoros e de elementos trazidos pelos músicos do parque que participaram dos saraus durante o projeto. Há também uma trilha sonora inédita que como no cinema acompanha as transições e pontua os sentimentos das personagens.
Claudia Schapira criou para cada personagem um figurino com peças sobrepostas que vão sendo colocadas ao longo do espetáculo e que individualmente remetem a tonalidades da fotografia.
Ficha Técnica
‘Marias da Luz’
Estreia de temporada 23 de novembro, sábado, às 17h.
Elenco: Eliana Bolanho, Juliana Gontijo, Daniela Schitini, Vera Abbud (As Graças)
Dramaturgia: Daniela Schitini e Nereu Afonso da Silva
Direção e Cenografia: André Carreira
Duração 60 minutos
Classificação etária: Livre
Grátis
Temporada: de 23 de novembro a 15 de dezembro, sábados e domingos, às 16h.
Parque da Luz (Rua Ribeiro de Lima, 99 / Praça da Luz, s/n - Bom Retiro).